Todd Akin acredita que o corpo feminino tem formas de impedir a gravidez em casos de violência sexual
Ao condenar o aborto, o senador republicano Todd Akin gerou revolta nos Estados Unidos ao dizer que um estupro "de verdade" ("legitimate rape" em inglês) raramente resulta em gravidez. As declarações do político em um país com 32 mil gestações anuais consequentes de violência sexual foram seguidas de centenas de críticas na internet por políticos democratas, organizações de direitos humanos e mulheres ofendidas com as afirmações.
Akin, que possui apoio do setor ultraconservador do Tea Party, declarou em entrevista ao canal KTVIneste domingo (19/08) que as mulheres possuem uma defesa biológica ao abuso sexual e reforçou sua oposição à prática do aborto, mesmo no caso de estupro.
"Me parece, conforme soube por médicos, que a gravidez resultante de estupro é rara”, disse ele. “Se é um estupro de verdade ("legitimate rape"), o corpo feminino tem formas de se fechar para isso".
A expressão utilizada pelo republicano, "legitimate rape", provocou forte reação neste domingo, levando o assunto aos TT do Twitter. Para os críticos do republicano, a lógica da frase sugere que, quando há gravidez, a mulher consentiu com a relação sexual.
"Mas, vamos pensar que isso (a suposta defesa natural da mulher) não funcione: eu acredito que deve existir punição, mas a punição tem de ser ao estuprador e não à criança”, explicou.
Uma de suas principais opositoras políticas no Missouri, a senadora democrata Claire McCaskill, respondeu em sua conta no Twitter que estava “chocada” com o posicionamento do republicano. “Como mulher e ex-promotora que cuidou de cem casos de estupro, estou chocada com os comentários do Senador Akin sobre as vítimas” de violência sexual, escreveu ela.
Após uma extensa repercussão nas redes sociais, o senador republicano reconsiderou sua declaração, mas não suas convicções em relação à interrupção da gravidez. “Ao rever minhas observações, está claro que eu me posicionei mal nesta entrevista e que ela não reflete a empatia que eu sustento pelos milhares de mulheres que foram estupradas e abusadas todos os anos”, afirmou ele em um comunicado citado pelo jornal The New York Times. “Eu acredito profundamente na proteção de toda vida e eu não acredito que prejudicar outra vítima inocente é a coisa certa a ser feito", acrescentou ele.
Os candidatos republicanos à Presidência, Mitt Romney e o vice Paul Ryan, se apressaram para distanciar as declarações do senador de sua campanha. “O governador Romney e o parlamentar Ryan discordam com a afirmação de Akin. A administração Romney-Ryan não se oporia ao aborto em caso de estupro”, afirmaram em um comunicado citado pelo jornal norte-americano The New York Times.
Na tentativa de não provocar polêmica em plena corrida presidencial, o candidato à vice-presidência parece ter ignorado seu posicionamento radical contra o aborto. Paul Ryan defende a criminalização da prática em casos de estupro, incesto e até em risco de saúde da mãe. Para ele, a interrupção da gravidez em qualquer circunstância deveria ser ilegal, conforme informa o site Daily Beast.
Ryan co-patrocinou um projeto de lei que definia óvulos fertilizados como seres vivos que, caso passasse no Congresso, criminalizaria algumas formas de contracepção -- como a pílula do dia seguinte -- e de fertilização in vitro. A organização anti-aborto Comitê Nacional pelo Direito à Vida definiu seu desempenho como 100% em votações relacionadas ao tema no Congresso, desde que ele ingressou, em 1999. "Sou pró-vida até a alma", disse Ryan à publicação conservadora Weekly Standard’s em 2010. "Vocês não terão trégua", avisou o agora candidato a vice de Romney aos apoiadores do aborto.
Saber que uma criatura que disse tamanha asneira ocupa uma posição política num senado me faz sentir humilhada como ser humano e sobretudo como mulher.
ResponderExcluirO que é mais curioso neste tipo de argumento é a mudança de importância das personagens de acordo com a conveniência e momento.
Em defesa de uma opressão onde a mulher é sempre "culpada" ou no mínimo "suspeita" ao reinvindicar um aborto por um ato não consentido os "defensores da vida" vão até o fim pela defesa de "uma vida inocente", um " ser que tem direito à vida".
Ocorre que este ser humano tão valioso que merece tantas atenções enquanto dentro do útero, após a saída...de repente perde a importância!!?? Se é tao importante e não pode sob nenhum argumento ser abortada deveria receber esta atenção para garantia de uma vida adequada e decente!
Sim, porque não vejo o mesmo empenho destes mesmos defensores "da vida" em garantir condições adequadas de vida para alguém que nasceu de um ato nao planejado e violento. Tampouco vejo amparo à mãe desta criança que vai criá-la sob condições pós-traumáticas indizíveis, défcits na saúde, doenças adquiridas no ato do estupro e oriundas dele.
Mulheres que muitas vezes tem tantas perdas de ordem social, financeira e psicológica após o estupro que simplesmente não têm recursos para criar esta criança não esperada...
Mas de repente...de tão importante que era no útero...cade o amparo a esta criança e a quem a cria???? O(s) Governo(s) quer(em) se fazer presente para garantir que esta vida venha ao mundo mas mantê-la aí já não é problema dele, cada um que se vire!! Como se uma concepção oriunda de estupro tivesse acesso às mesmas oportunidades de uma concepção planejada...
Revoltante ler uma afirmação tão medíocre como esta. Queria que ele explicasse as "gradações" de estupro...o "de verdade" seria o "sério" e o de mentira , o que seria?
NÃO EXISTE ESTUPRO DE "MENTIRA". ESTUPRO É ESTUPRO, ABUSO FÍSICO DE CUNHO SEXUAL NÃO CONSENSUAL E AS CONSEQUENCIAS DISSO DEVEM CABER À MULHER QUE SOFREU O ATO pois não optou por issoE A ELA PERTENCE SEU CORPO.
Um cara destes tinha que tomar uma surra de livro de biologia de capa dura...
ExcluirO Lehninger seria ótimo, é grandão e duro. Mas este livro é sagrado seria uma afronta com o conteúdo encostar neste déspota ignorante...
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