quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Após Zara, trabalho escravo é investigado em 20 grifes



Bolivianos que trabalhavam como costureiros foram legalizados 


O flagrante de trabalho escravo num dos fornecedores da rede Zara no Brasil parece ser apenas a ponta do iceberg. Estão em andamento no MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) outras 20 investigações contra grifes de roupas nacionais e internacionais. Como os processos correm em sigilo, os nomes dessas marcas não foram revelados.

O auditor fiscal da Superintendência Regional do Trabalho em São Paulo, Luis Alexandre de Faria, disse que esse assunto era um tabu no mundo da moda.

- Como o caso Zara ganhou repercussão, haverá uma corrida de outras empresas por legalização.

Na oficina irregular de Americana, no interior de São Paulo, onde foram encontradas peças com etiqueta da rede espanhola, os fiscais se depararam com roupas de outras cinco marcas conhecidas. As empresas estão sendo chamadas para prestar esclarecimentos, mas ainda não há provas concretas contra elas.

O lote de roupas encontrado nessa oficina levou os fiscais do trabalho a investigar os 50 fornecedores da Zara no Brasil. Um deles chamou a atenção. Com apenas 20 máquinas e 20 costureiras registradas, a empresa AHA produziu mais de 50 mil peças para a rede em três meses.

Os fiscais estiveram em duas das 30 oficinas de costura dessa empresa e encontraram lá 16 bolivianos e cinco crianças, trabalhando e vivendo num ambiente sujo, apertado e sem condições mínimas de segurança. Os trabalhadores tinham dívidas com os donos das oficinas e recebiam apenas R$ 2 por peça produzida.

A multinacional foi responsabilizada pelas irregularidades e terá de responder a 48 autos de infração. Ser for condenada, a multa é de R$ 1 milhão. Os dois locais foram interditados e os costureiros bolivianos, legalizados. A AHA arcou com o pagamento de R$ 140 mil de encargos trabalhistas - uma exigência da própria Zara.

A multinacional divulgou, em nota, que vai fiscalizar seus fornecedores no Brasil e descredenciar os irregulares. Desde 1995, mais de 40 mil trabalhadores que eram mantidos em regime análogo à escravidão foram libertados no país - a maioria deles na zona rural. Desde que as investigações começaram a ser feitas na capital paulista, quatro grandes redes varejistas de roupa foram denunciadas: Marisa, Pernambucanas, Collins e, agora, a Zara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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