Júlio Marques Mota |
Portugal volta a tornar-se um país de emigração maciça, como sob a ditadura fascista
O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, nasceu em
Coimbra, passou grande parte da sua infância em Angola, então colónia
portuguesa onde o seu pai, Antonio Passos Coelho, foi médico. Com nove
anos, a seguir à “Revolução dos Cravos” e ao movimento de
descolonização, a sua família regressou a Portugal. Depois de uma
passagem pelo mundo dos negócios, tornou-se o responsável máximo pelo
partido social democrata (PPD/PSD) – partido de centro-direita
equivalente à UMP em França, apesar do seu nome, social-democrata.
Tendo conquistado uma maioria muito relativa nas eleições
legislativas de Junho de 2011 (apenas 38,6% dos votos, enquanto que
Passos Coelho visava a maioria absoluta), o principal líder da direita
portuguesa, Pedro Passos Coelho, foi nomeado primeiro ministro, à frente
de uma coligação de direita, em 15 de Junho de 2011, pelo Presidente da
República Aníbal Cavaco Silva. É assim a primeira vez desde a
“Revolução dos cravos” de 1974 que pôs fim à ditadura de Marcelo
Caetano, um fiel sucessor do ditador Salazar, que a direita portuguesa
exerce o poder executivo.
Quinze dias depois da sua nomeação, em 30 de Junho de 2011, o novo
primeiro-ministro anunciava, no seu discurso de política geral
apresentado na Assembleia que “o estado das contas públicas obriga o
governo a pedir mais sacrifícios para os portugueses”. Portanto, ele
alertou claramente que uma política de rigor reforçado iria ser imposta
aos Portugueses.
Em vez do pretenso “ programa de estabilidade e crescimento “ (PEC)
[sic] prometido durante a campanha eleitoral, o novo primeiro-ministro
confirma assim a sua completa submissão à oligarquia pró-Europeista
(como François Hollande em França, um ano mais tarde). Simplesmente, ele
deu o seu aval para a implementação do chamado “plano de resgate”,
exigido pela União Europeia e o FMI – supostamente – para resolver a
crise de dívida pública portuguesa e “ salvar o euro”.
Aqui está o plano:
- supressão e reagrupamento de muitas “freguesias” ( e estas são o
equivalente civil em França das nossas paróquias, aproximadamente
comparáveis às nossas comunas ) em todo o país e a supressão de 18
governos civis por todo o país
- redução drástica do número de funcionários e reduções de salários
sem precedente para toda a função pública. Para impor o silêncio, o
Ministro português das Finanças, Vitor Gaspar, disse em 18 de Outubro de
2011 na televisão portuguesa, RTP, que se essas reduções de salário
forçadas não fossem aplicadas, seria necessário despedir imediatamente
cerca de 100.000 funcionários.
- aumentos muito significativos nos impostos, principalmente do IVA sobre quase todos os bens e serviços,
- transferência de dias feriados na semana para evitar o fenómeno das “pontes”.
- redução da duração de pagamentos de subsídios de desemprego de 30 meses para 18 meses,
- Transferência para uma data não especificada do projecto da linha ferroviária TGV Lisboa-Madrid.
- É posto em prática a venda ao sector privado dos transportes
públicos (empresas de autocarros e de comboios) em Lisboa e Porto assim
como as empresas de transporte rodoviário e ferroviário, como os
caminhos de Ferro de Portugal.
- Transformação dos organismos de regulamentação em “Autoridades
independentes”, ou seja, mais especificamente: “independentes da vontade
do povo”.
- reforma da empresa pública de rádio – televisão de Portugal (RTP) e
da Agência Publica da Informação ( Lusa) e a privatização de um dos
canais de televisão de propriedade pública (RTP1 e RTP2 ).
- Criação de uma estrutura especial responsável por supervisionar a
boa realização das medidas acordadas com a “troika” (Fundo Monetário
Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu). Esta unidade
especial foi colocada sob a autoridade de Carlos Moedas, Secretário de
Estado-adjunto do Primeiro-ministro Passos Coelho.
- transferência para o sector privado de hospitais públicos “ cada
vez em que isso é mais eficaz. “ As taxas moderadoras exigidas aos
portugueses para pagar uma parte dos cuidados no serviço nacional de
saúde também foram significativamente aumentadas.
- enfim, privatização parcial ou total de :
- a empresa Electricidade de Portugal EDP
- a empresa de electricidade REN (Redes Energéticas Nacionais)-,
- a instituição financeira Banco Português de Negócios,
- a companhia aérea TAP Air Portugal-,
- a companhia de seguros pertença da Caixa Geral de Depósitos (CGD),
- assim como o fim das “golden share” (“acções privilegiadas” que dão
legalmente ao Estado o controle de uma empresa detida pelo Estado
Português em empresas como a Portugal Telecom.
Fonte: http://www.asbeiras.pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário
E você, o que acha disso?
Dê sua opinião.