quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Metade das linhas de crédito do Brasil para Angola financiou projectos da Odebrecht


Metade dos projectos a serem executados em Angola ao abrigo de linhas de crédito de 3,2 mil milhões de dólares abertas pelo governo do Brasil tem a chancela Odebrecht, o que contribuiu para que este grupo criasse um “império” empresarial em Angola.
Dados oficiais divulgados na semana passada pela BBC Brasil indicam que o estatal Banco Nacional do Desenvolvimento Económico e Social financiou 65 projectos de empresas brasileiras em Angola, de que 49% eram da Odebrecht, muito à frente de Andrade Gutierrez (18%), Queiroz Galvão (14%) e Camargo Corrêa (9%).
Além disso, refere a mesma fonte, a Odebrecht conta com parte de uma nova linha de crédito do banco, no valor de dois mil milhões de dólares, para manter o actual ritmo de investimentos em Angola.
Estes rondam entre 500 milhões a 600 milhões de dólares anuais, refere o artigo da BBC Brasil.
Com 20 mil funcionários, a Odebrecht é a maior empregadora privada em Angola,  estando presente nos sectores de imobiliário, energia hidroelétrica, petróleo, biocombustíveis, diamantes, aeroportos e até supermercados.
A empresa surge associada a algumas das mais poderosas empresas angolanas, como a petrolífera estatal Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) no negócio dos biocombustíveis (Biocom).
Considerado o maior projecto agro-industrial associado à produção de energia renovável de sempre em Angola, o Biocom prevê produzir 280 mil toneladas de açúcar cristal por ano, quando em 2015 estiverem plantados 32 mil hectares de cana-de-açúcar.
Irá produzir ainda 217 gigawatts de energia eléctrica para ser fornecida ao sistema nacional e mais 30 milhões de litros de etanol anidro em resultado do processo de aproveitamento do açúcar.
Trata-se, refere a empresa, de um projecto “de grande relevância para Angola, que tem por objectivo diminuir a dependência da importação de açúcar, criando riqueza e empregos”.
As trocas comerciais entre Angola e o Brasil em 2011 atingiram 1,14 mil milhões de dólares, com o Brasil a dispor de um saldo positivo na balança comercial, segundo a Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola.
Segundo dados da associação, 80% do valor das trocas comerciais representam exportações do Brasil para Angola.
Em Angola, o investimento brasileiro cresceu 20 vezes entre 2002 e 2008, envolvendo grandes grupos como a Petrobras, Odebrecht, Andrade Gutierrez ou Vale.

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