A
greve de agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal (PF), iniciada
no último dia 7 de agosto, só deve terminar quando o governo apresentar um
cronograma para a reestruturação dessas carreiras. A declaração é do presidente
do Sindicato dos Policiais Federais no Estado do Paraná (Sinpef-PR), Fernando
Augusto Vicentine, feita nesta segunda-feira.
"Queremos
a justa adequação da tabela salarial desses cargos, que são de nível superior.
Não basta o governo se comprometer a fazer isso. Se não vier nada de concreto
quanto à data de início dessa reestruturação da carreira, a greve não
acaba", disse Vicentine, em entrevista. "Quem criou o atual impasse
foi o governo. Nós temos paciência, tanto que estamos negociando há mais de 900
dias."
Na
manhã desta segunda-feira, servidores em greve hastearam a bandeira do Brasil
em frente ao edifício-sede da superintendência estadual da PF no Paraná. Os
serviços de emissão de passaportes estão sendo efetuados por funcionários
terceirizados.
Agentes,
escrivães e papiloscopistas da PF recebem R$ 7,5 mil como salário inicial, o
equivalente a 56,2% da remuneração dos delegados federais, cujo vencimento de
início de carreira é R$ 13,4 mil. Além da equiparação com as carreiras típicas
de Estado, como a de auditor da Receita Federal e a de oficial da Agência
Brasileira de Inteligência (Abin), a categoria também reivindica novas
contratações por concurso público.
No
último dia 24 de agosto, o Sinpef-PR obteve uma liminar na Justiça Federal que
impede a União de efetuar descontos nos salários dos servidores em greve.
"Não há como reputar ilegal a greve deflagrada pelos policiais federais no
estado do Paraná, não se justificando a medida de corte do ponto", diz em
sua decisão a juíza Giovanna Mayer, da 7ª Vara Federal de Curitiba.
"Trata-se o corte de ponto, a bem da verdade, de forma explícita, ainda
que oblíqua, de frustrar o regular exercício de direito constitucionalmente
assegurado, o que não pode ser admitido", afirmou a juíza.
No
mesmo dia, a presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4),
desembargadora Marga Inge Barth Tessler, suspendeu, a pedido da Advocacia-Geral
da União (AGU), uma liminar similar que havia sido concedida ao Sindicato dos
Policiais Federais do Rio Grande do Sul (Sinpef-RS). A última greve nacional da
PF ocorreu em 2004 e durou cerca de dois meses.
O
movimento grevista
Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais cresceram no mês de agosto. Pelo menos 25 categorias entraram em greve, tendo o aumento salarial como uma das principais reinvindicações. O Ministério do Planejamento estima que a paralisação tenha envolvido cerca de 80 mil servidores. Em contrapartida, os sindicatos calculam que 350 mil funcionários aderiram ao movimento.
A
greve afetou servidores da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal,
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita
Federal, dos ministérios da Saúde, do Planejamento, das Relações Exteriores, do
Meio Ambiente e da Justiça, entre outros. O Sindicato Nacional dos Servidores
das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) informou que dez agências
reguladoras aderiram ao movimento.
Desde
março, quando foi iniciado o processo de negociação salarial, foram realizadas
mais de 200 reuniões para discutir reajustes, com mais de 31 entidades
sindicais. Após apresentar proposta de aumento de 15,8%, dividido em três anos,
o governo encerrou no dia 26 de agosto as negociações com os servidores. O
prazo limite para envio do orçamento ao Congresso Nacional, com a previsão de
gastos com a folha de pagamento dos servidores em 2013, é 31 de agosto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
E você, o que acha disso?
Dê sua opinião.