O governo de Putin começou a implementar bruscas reformas na Rússia. Com o pretexto de “aumentar a eficácia”, seguindo os passos dos governos europeus, o regime deu início ao desmonte da área social: educação pública e gratuita, saúde, aposentadorias e habitação.
Como disse Medvedev em relação ao sistema de ensino, "Cartago deve ser destruída". Com este slogan, Putin e companhia estão fechando universidades e escolas, hospitais e policlínicas, corta gastos sociais e já estão de olho nas pensões. Com este slogan também aumentaram as taxas de serviços comunais.
Por trás do golpe a área social feita pelo governo Putin, está o congelamento dos impostos aos lucros da oligarquia, deu-lhes dinheiro público através do Banco Central, e lhes permite extrair os capitais do país, assim como permite às multinacionais. As receitas provenientes da indústria petrolífera, que poderia ter sido usado para desenvolver a economia, a ciência e a educação, o governo mais uma vez as destina à reserva para que, no futuro, seja possível novamente salvar os bancos privados com esse dinheiro, como fez Putin durante a primeira onda da crise.
Com o aprofundamento da crise e as novas convulsões na Europa, a situação econômica da Rússia inevitavelmente piorará. E alguém deve pagar os custos da mesma. O governo já deu a entender que os oligarcas não o farão, nem as empresas ocidentais que ganham muito dinheiro na Rússia, nem a corrupta burocracia que está no poder. Devido às consequências de sua política, que alimentam a oligarquia, inclusive o próprio Yeltsin, e que converteu a Rússia em um país dependente provedor de matéria-prima, Putin propõe que os trabalhadores, aposentados, crianças e a juventude paguem os custos da crise.
A dimensão das reformas é tão grave que não seria exagero dizer que arrastará o país a uma catástrofe social. Não há nada surpreendente no que está ocorrendo. Estas reformas são análogas ao processo de desindustrialização (destruição da indústria) de Yeltsin nos anos de 1990 e são a continuação lógica da liquidação das conquistas sociais da Revolução de Outubro de 1917. O capitalismo, restaurado em meados dos anos de 1980 pela burocracia do PCUS (Partido Comunista) sob a direção de Gorbachev, novamente está no seu ápice.
Herdado de Gorbachev e Yeltsin, o regime de Putín segue o mesmo princípio de favorecer os oligarcas, governando o país junto com a burocracia e as multinacionais ocidentais. Enquanto conservou o crescimento econômico, o governo pode se apoiar nas ilusões da “paz social”, oferecendo ao povo as migalhas das mesas dos oligarcas. Mas a crise mostra quem é quem. Os oligarcas necessitam produzir lucros. E o desmantelamento da área social, iniciado por Putin, tem esse objetivo. Cuidar da saúde, do estudo, pagar as aposentadorias, apoiar o sistema de suporte de vida do país é “ineficaz”, são “gastos injustificados”, uma carga muito pesada aos lucros dos oligarcas e seus funcionários. Desmontando a área social, o governo não apenas elimina a perda com gastos incômodos para os oligarcas, mas também lhes abre as possibilidades de produzir benefícios com esses setores privatizados.
“Cartago deve ser destruída”
Essa frase de Medvedev decentemente com exatidão, reflete as ideias e intenções da casta oficialista. O governo reforçará seus ataques. A confirmação disso é a guerra social levada adiante pelos governos europeus contra os trabalhadores de seus países: Grécia, Espanha, Itália, e agora chegou à França e Alemanha. A essência deste processo político dos governos da Europa e do russo é uma: cortar gastos sociais e os salários reais dos trabalhadores para gerar lucros aos grandes capitalistas e banqueiros. Compreendendo perfeitamente a dimensão de suas reformas e temendo a expansão dos protestos da população, o regime de Putín aumenta os gastos com o aparato repressivo.
Putin e seu governo são os principais inimigos dos trabalhadores russos. Nós devemos resistir. Seguindo os passos da Europa, na Rússia também começaram os protestos. O governo tenta esmagá-las, mas não pode consegui-lo. O regime, todavia, está forte mas não tanto quanto antes, nem seguro de si mesmo como quer demonstrar. A diminuição do apoio e as manifestações populares provocam sérios elementos de crise no regime; o que significa também complicações para levar a cabo as reformas antipopulares. Hoje com leis contra manifestações e liberdade de expressão, processos judiciais políticos contra os participantes de protestos, o regime tenta intimidar o povo com a prisão e aplacar a onda de descontentamento para recuperar a iniciativa perdida com o começo das manifestações. Para que não o consiga, devemos continuar golpeando o regime, protestando contra ele e sua política: contra o desmantelamento da educação pública e gratuita, saúde e outras áreas sociais, contra a repressão e a criminalização dos movimentos sociais, por uma verdadeira liberdade de expressão, reunião, organização, sindicatos e acessos aos grandes meios de comunicação para mostrar os diferentes pontos de vista.
O regime policialesco e oligárquico de Putin é o principal organizador e dirigente das reformas antipopulares e da repressão contra o povo, e enquanto este regime existir, no interesse dos oligarcas, inevitavelmente aprofundará esta política. A luta consequente contra essas reformas necessariamente exige o fim desses mesmo regime de Putin com todos os seus OMON[1], FSB[2], suas leis repressivas, parlamento de marionetes, funcionários corruptos, padres hipócritas e claro, os oligarcas.
Na luta, nossa principal ferramenta é a mobilização e a organização. Hoje é mais que necessário incluir nos protestos os novos setores da população e estendê-los a outras regiões da Rússia. Chamamos aos leitores a explicar a seus companheiros de trabalho, amigos, parentes e vizinhos qual é a essência do regime de Putin e seus antipopulares e antidemocráticas reformas. Chamamos a sair juntos às manifestações e atos de protesto em defesa de nossas conquistas sociais e por liberdades democráticas e marchar na coluna da esquerda e das forças populares. O fortalecimento e organização dos setores da esquerda classista são chaves para o futuro do movimento.
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