quarta-feira, 21 de março de 2012

A Composição da Comissão Nacional Permanente do Benzeno


Bom, Estamos no momento Ideal para iniciar a discussão sobre a famosa CNPBz. Hoje está havendo uma visita à Refinaria Landulpho Alves - RELAN, na Bahia (que explicaremos em um outro artigo) e amanhã começarão as reuniões das bancadas. Num artigo anterior mostramos a programação do evento Mas para um melhor entendimento do que está ocorrendo e como está ocorrendo é interessante caracterizar algumas coisas. 

São três as bancadas, afinal, trata-se de uma comissão tripartite. A lógica de uma comissão tripartite é a seguinte, serve basicamente para os trabalhadores legitimarem decisões que lhes serão danosas. Assim ao reclamarmos sobre tais decisões os patrões poderão falar que nós participamos da negociação. Obviamente esta é uma visão simplista, mas gosto de encará-la como didática. Há muitos outros fatores envolvidos. Outra desvantagem para nós é que eles conseguem trazer motivos de lutas para o seguro ambiente restrito a poucos e com ar condicionado, isso tende a nos desmobilizar e tirar o foco da real luta dos trabalhadores, que seria a forma mais eficaz de desenvolver consciência de classe.

É possível encontrar gente bem intencionada nas bancadas dos trabalhadores e na do governo, nunca na dos Patrões, pois estes precisam dos que defendam seus interesses custe o que custar, interesses estes nunca alinhados com os dos trabalhadores. É interessante ir lá e conhecer pois é possível ver engenheiros dizendo que o projeto é perfeito e não vaza benzeno; Técnicos de segurança afirmando que se vazar vai ser pouco e não tem perigo de exposição e Médicos jurando que se houver exposição esta não é tão perigosa assim e que qualquer Kibe estragado pode causar um câncer de medula e levar à morte por leucemia. E se mesmo contra tudo e contra todos conseguirmos provar que foi a contínua exposição ao Benzeno e não o Kibe que levou à doença (até aqui chamada pela bancada patronal de Kibismo e não Benzenismo) eles farão de tudo para afirmar que a culpa é toda daquele trabalhador relapso que não honrou a empresa na qual trabalhava.

A bancada do governo vive suas próprias dificuldades. Se predominantemente mal intencionada fica trabalhando sob tensão para facilitar a vida do patrão, seja pelo motivo que for, mas sem enfrentamentos cruentos para não estourar a comissão, buscando sempre se apoiar em representantes espúrios da bancada dos trabalhadores. Quando bem intencionados vivem o estigma da eterna desconfiança por parte dos trabalhadores, por estarem representando um governo que conhecidamente não quer resolver a questão que motivou a criação da comissão. E se seus argumentos técnicos, científicos, médicos, econômicos, políticos e etc, não se alinharem com a bancada dos patrões, ou pior, levarem a conclusões diametralmente opostas a esta são acusados de parcialidade, sujeitos a perseguições nos ambientes de trabalho, vêem suas equipes sendo desmontadas e desacreditadas e podem sofrer desde processos administrativos até ameaças contra a própria vida. 

Mas se uma hipotética bancada de governo demonstra que os patrões estão errados e colocam em risco a vida dos trabalhadores devido à exposição a algum hipotético hidrocarboneto aromático, por exemplo, o Benzeno, porque o próprio governo não os tira logo dali? Bom, pode ser pela qualidade de suas intervenções,mas como seria difícil crer que o governo daria esta importância a este item é provável que haja um forte componente econômico.  Pode ser que em algum momento, se os trabalhadores continuarem se organizando, alguém terá que pagar bilhões, por anos de impostos sonegados que custeariam milhares de aposentadorias especiais garantidas por lei. O fato é que ninguém quer pagar esta conta nem governo... nem patrões... a solução está em nossas mãos: organização e mobilização. Nenhum ganho dos trabalhadores em toda a história do trabalho veio de graça, os que acham que os avanços foram bondades de alguma empresa "mãe" provavelmente não moveram uma palha para apoiar os que lutavam.

Eles estão se organizando, os patrões nunca deixam de se preocupar e nada melhor para iniciar nossas discussões sobre a CNPBz do que uma breve olhada na composição da da bancada Patronal :

Eduardo Macedo Barbosa
E-Mail: eduardobarbosa@petrobras.com.br
Tel.: (21) 3229-1254 / 3229-1248
Fax: (21) 3229-1346

Rodrigo Abramof
E-Mail: rodrigoabramof@petrobras.com.br
Tel.: (21) 3224-3006 Fax: (21) 3224-1767

Ana Cláudia Lopes de Moraes
E-Mail: anacmoraes@petrobras.com.br
Tel.: (21) 3229 2486 Fax: (21) 3229 2486

Gustavo Barcellos
E-Mail: gustavo.vieira@petrobras.com.br
Tel.: (21) 2677.2700 Fax: (21) 2677.2998

Eduardo Ferreira Arantes
E-Mail: eduardo.arantes@braskem.com.br
Tel.: (71) 3413-1560 Fax: (71) 3413-2059

Jorge Humberto Marini
E-Mail: jmarini@quattor.com.br
Tel.: (11) 4478-1537 Fax: (11) 4478-1892

Carlos de Freitas Alfano Neto
E-Mail: calfano@quattor.com.br
Tel.: (71) 3413.2025 Fax: (71) 3413.2025

Walmir de Castro Braga
E-Mail: walmir.braga@gerdau.com.br
Tel.: (31) 3269-4119 Fax: (31) 3261-3250

Clóvis Veloso de Queiroz Neto
E-Mail: cqueiroz@cni.org.br
Tel.: (61) 3317.9492 Fax: (61) 3317.8803

Mário Sérgio Ainsworth F. F. Lopes
E-Mail: mariosergio.lopes@acobrasil.org.br
Tel.: (61) 3533.2100 Fax: (61) 3533.2122

Notem bem, são dez indivíduos. Quatro trabalham diretamente para a Petrobrás, Um para a Braskem (que pertence à Petrobrás e à Odebrecht) e dois na Quattor (controlada pela Braskem) e um que trabalha para um distinto senhor chamado  Jorge Gerdau Johannpeter , um dos mais influentes conselheiros da Petrobrás.

Não é difícil concluir que 80% da Bancada Patronal Está ali por obra e graça da Petrobrás e a serviço dos interesses de sua direção e de seus acionistas. Também não é difícil perceber que há ali uma empresa gigantesca muito, mas muito mesmo, preocupada com a possibilidade de os trabalhadores se organizarem e conquistarem o direito garantido na lei  da aposentadoria especial. 

Ainda há muito por vir. Fiquem ligados. Ainda não falamos do setor de metalurgia e nem dos postos de gasolina...




Observatório do Trabalhador.

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