sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A São José dos Campos das lutas operárias

Nesta sexta feira 24 de agosto às 16 horas a Comissão dos presos e perseguidos políticos da ex-Convergencia Socialista esta convocando um ato no sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campo: 


“AS LUTAS OPERÁRIAS EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS CONTRA A DITADURA”

Depois todos irão para a Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) onde às 19 horas mais de uma centena de operários que trabalhavam na Embraer receberão a Anistia Política do Ministério da Justiça e o pedido oficial de perdão por parte do governo brasileiro, por ter perseguido e demitido estes operários que realizaram greves contra a ditadura.


Neste ato estarão presentes antigos militantes da Convergência Socialista que protagonizaram as greves e as lutas operárias em São José dos Campos no final da década de 70 e inicio da década de 80.

Entre eles estará Ernesto Gradella, atual candidato a prefeito pelo PSTU em São José dos Campos, ex-vereador e ex-deputado federal. Um dos que esteve à frente as lutas daquela época.

Gradella chegou a São José dos Campos em julho de 1978, vindo da Universidade de São Carlos. Ai encontrou três outros militantes da Convergência Socialista: Robério Paulino, atual candidato do PSOL a prefeitura de Natal; Sandra Piccinin e Tambaú (Eduardo Stetnner), e começou a trabalhar na Siderúrgica Fi-El, empresa depois vendida ao grupo Mannesman e revendida ao grupo Gerdau.

Naquele período a luta central era contra a Ditadura Militar, por isso este grupo de militantes além de realizar trabalho clandestino nas fábricas da região se integraram a seção local do Comitê Brasileiro de Anistia. Organizando vários atos públicos pela anistia (ampla, geral e irrestrita).

Nesta época a presença marcante da Convergência Socialista levou o então Valeparaibano, hoje jornal O Vale, a publicar um editorial de que a atuação “radical” da CS poderia atrapalhar a volta das eleições para prefeito na cidade. Naquele período, São José era considerada estância hidromineral e portanto, o prefeito municipal era um cargo indicado pela ditadura.

Como se vê a imprensa burguesa, antes como hoje, sempre tenta colocar nas costas da organizações de esquerda o ônus dos ataques que a patronal desenvolve contra os trabalhadores.

Neste ano o trabalho cresceu na Fi-El, e eles abriram vários contatos, como o operário poeta João Roberto, trabalhador da Embraer e atual diretor da Admap (Associação dos Aposentados).

Após as greves de 78 no ABC, havia uma disposição de luta nas fábricas joseenses. Por isso as greves chegaram na cidade em 1979. Gradella e seus camaradas procuraram o sindicato, dirigido por um antigo pelego Zé Domingues, que havia participado do Congresso Estadual dos Metalúrgicos na cidade de Lins/SP, onde foi aprovada a fundação do PT – Partido dos Trabalhadores, proposta pelo Zé Maria Almeida, da Convergência Socialista, no congresso dos metalúrgicos de Santo André.

Distribuíram por conta deles boletins do Sindicato convocando as assembleias de campanha salarial, que contaram com a presença maciça de metalúrgicos e foram realizadas no Sindicato dos Têxteis.

Quando chegou a assembleia para votação do acordo, o Sindicato fez um boletim chamando a greve, mas sem colocar o seu timbre. Ele foi distribuído de madrugada nos pontos de ônibus para os trabalhadores que iam para as fábricas e à noite o salão do sindicato dos têxteis ficou pequeno para tantos metalúrgicos presentes. O ABC havia rejeitado a proposta no dia anterior e iniciado a greve.

O pelego Zé Domingos pretendia aprovar o acordo, mas Tambaú tomou a palavra, defendeu a greve e colocou a proposta em votação de imediato. A partir daí o pelego perdeu o controle da assembleia e teve que aceitar a greve.

De imediato, os trabalhadores começaram a organizar os piquetes para as entradas do turno das 22 horas na Bundy, Ericsson, Fi-El, etc . Os operários da GM foram parar a Fi-El, os da Fi-El e Ericsson foram fazer piquete na Bundy, e assim por diante, usando seus próprios veículos, uma vez que o sindicato não dispunha nem de um carro de som. Todas as metalúrgicas pararam completamente.

Pela manhã, novos piquetes se formaram para parar a GM, Embraer e todas as outras empresas.

No final do dia, o pelego fechou o sindicato dos metalúrgicos e “desapareceu”. Foi então criado um Comando de Greve, com a presença de jovens metalúrgicos, entre eles Toninho, na época na GM (atual candidato a vereador pelo PSTU), José Luiz Gonçalves, também trabalhador da GM; Ari Russo da Ericsson; Edson Cavalcanti e outros.

A partir daí, cresce a repressão, e os piquetes passam a ser feitos dentro da cidade, parando os ônibus que iam para as fábricas metalúrgicas. A greve dura mais três dias, e seu grande saldo é a construção da Oposição Metalúrgica, votada na última assembleia.

Com a greve dos metalúrgicos o peso da CS cresce na classe operária. Lula vem à cidade para fazer uma palestra sobre a construção do PT, na Casa do Jovem, no bairro Santana.

Em 1980 é fundado o PT e a CS tem um papel destacado na afiliação ao partido. A atual vereadora do PT, As lutas crescem, a CS aglutina dezenas de militantes, e nas eleições de 1982, Ernesto Gradella é lançado candidato a vereador, eleito com aproximadamente 2700 votos.

Como vereador, militante da Convergência, participa das principais lutas operárias da década de 80 em São José, além da criação da CUT e da “Campanha das Diretas Já” e contra os planos econômicos do governo Sarney, até ser eleito deputado federal em 1990.

Amélia Naomi, entra para os quadros da Convergência, por volta de 1983, trabalhando na Nacional Panasonic. Nas eleições para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos em 1984, ela integra a chapa junto com outros militantes da CS, como Assis, Pedro Rosa, Oliveira e o Toninho (Antonio Donizetti). Os militantes do PT da diretoria racham com o PMDB e juntam-se a CS na formação de uma chapa, ganham as eleições.

Estas e muitas outras histórias serão recordadas neste encontro, entre elas a greve da Embraer de 1984 e a greve com a ocupação de fabrica da GM, de 1985, onde militantes da CS tiveram uma destacada participação.

Vai valer a pena estar presente e participar.




[1] Américo Gomes, da Coordenação da Comissão de presos e perseguidos políticos da ex-Convergencia Socialista.

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