"Mina
de amianto"
Especialistas
em saúde alertam para um grande aumento no número de mortes nas
próximas duas décadas devido ao uso do amianto pela indústria da
construção civil, sobretudo nos países em desenvolvimento.
Uma
investigação conjunta da BBC e do Consórcio de Jornalistas
Investigativos revelou que mais de um milhão de pessoas podem morrer
até 2030 devido a doenças ligadas à substância.
Com
um consumo de amianto 50 vezes maior do que nos Estados Unidos, o
Brasil é o quinto maior consumidor do produto em uma lista liderada
por China, Índia e Rússia.
O
amianto é uma fibra natural presente em minas. A substância, que é
barata e resistente ao calor e ao fogo, é misturada ao cimento para
construção de telhas e pisos.
No
entanto, o amianto, que é proibido ou de uso restrito em 52 países,
solta fragmentos microscópicos no ar que podem provocar diversas
doenças pulmonares quando inaladas, inclusive alguns tipos de
câncer.
Amianto
branco
A
investigação conjunta do Consórcio de Jornalistas Investigativos e
da BBC revelou que a produção de amianto continua na ordem dos dois
milhões de toneladas.
A
indústria do amianto ainda movimenta bilhões de dólares, sobretudo
com exportações para países em desenvolvimento, onde as leis de
proteção e a fiscalização são mais brandas.
Apesar
da proibição e restrição ao uso, uma variação da substância
conhecida como amianto branco é produzida e exportada para diversos
países.
Para
a Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo o amianto branco pode
provocar câncer.
"Amianto"
Alguns
cientistas temem que a disseminação do amianto branco possa
prolongar uma epidemia de doenças relacionadas à substância.
"Minha
visão pessoal é de que os riscos são extremamente altos. Eles são
tão altos quanto qualquer outra substância cancerígena que vimos,
com exceção, talvez, do cigarro", afirma Vincent Cogliano,
cientista da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer da OMS.
Segundo
a OMS, 125 milhões de pessoas convivem com amianto no trabalho. A
Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 100 mil
trabalhadores morram por ano devido a doenças relacionadas ao
amianto.
Nos
Estados Unidos, a indústria da construção civil não usa mais
nenhum tipo de amianto. No entanto, o número de mortes devido à
substância está chegando ao ápice, devido ao longo período em que
a doença ainda pode se manifestar.
No
México, mais de 2 mil empresas usam o amianto em diversos produtos,
como freios, aquecedores, tetos, canos e cabos. Mais de 8 mil
trabalhadores têm contato direto com a substância.
Doença
O
Canadá é um dos maiores produtores mundiais de amianto branco e
exporta o produto, mas proíbe seu uso no país.
Na
província de Quebec, Bernard Coulombe, que é proprietário de uma
mina, afirma que o amianto branco exportado por ele é vendido
"exclusivamente para consumidores finais que possuem os mesmos
padrões de higiene industrial do Canadá". Ele afirma que sua
indústria possui amparo legal para exportar o produto.
Não
muito longe dali, a pintora amadora Janice Tomkins luta contra
mesothelioma, uma doença rara ligada ao amianto. Ela acredita ter
contraído a doença há vários anos devido à exposição ao
amianto azul e marrom, variações hoje proibidas internacionalmente.
Ela
luta para impedir que o governo do Quebec libere um financiamento de
US$ 56 milhões para que a mina próxima a sua casa possa expandir a
produção, de olho em mercados emergentes como a Índia.
BBC
Brasil.
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