segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Benzeno: Empresas fazem de tudo para derrotar os Trabalhadores


Reunião em Manaus expõe estratégias da patronal para esvaziar CNPBz
O esforço da empresa em sufocar as discussões acerca do benzeno está tendo reflexo direto no número de participantes das reuniões da Comissão Nacional do Benzeno. Em Manaus (AM), cujo encontro aconteceu entre os dias 19 e 21 deste mês (setembro), não foi diferente.
Infelizmente, poucos petroleiros de GTBs estiveram presentes na reunião. Para se ter uma ideia, na quinta-feira (20/09), segundo dia de discussões, apenas 18 companheiros estiveram presentes. Em relação aos GTBs dos setores siderúrgicos e petroquímicos a situação é ainda pior, no qual o número chega até mesmo à estaca zero. Como consenso ficou o preocupante balanço de que os debates da CNPBz estão praticamente restritos à Petrobrás.
A mesma dificuldade é encontrada nas comissões regionais e estaduais, responsáveis por discutir a realidade de cada local de trabalho e trocar experiências. Com um engessamento sistemático da patronal nos trabalhos, a empresa vem bloqueando a participação efetiva dos integrantes dos GTBs nessas discussões, recusando a liberação desses trabalhadores para as reuniões.
Essa situação reforça a denúncia que o Sindipetro-LP e a FNP vêm fazendo sistematicamente: os gerentes locais estão engajados em impedir a liberação dos trabalhadores que integram os GTBs regionais para as reuniões da Comissão. Não por acaso, a FNP vem exigindo, no mínimo, dois representantes por GTB, o que garantiria 128 trabalhadores – além daqueles que representam as entidades sindicais.
Mesmo assim, é importante lembrar que as CIPAS têm autonomia para, de acordo com o seu plano de trabalho, definir quantos trabalhadores participarão das reuniões – direito garantido, inclusive, em lei. Entretanto, isso não está sendo respeitado e a empresa vem formalmente limitando o número de participantes.
Durante a manhã, quando a bancada de trabalhadores se reuniu para ler as atas das reuniões de Salvador e São Paulo (março e julho), foi citada a recusa dos empregadores em aprovar a ata da reunião realizada em Salvador, na Bahia. A justificativa da patronal é de que ata estaria muito detalhada.
Causa estranhamento essa restrição dos representantes da patronal, uma vez que o objetivo da ata é justamente dar transparência e divulgação completa das atividades realizadas na comissão. Adaedson Costa, diretor de imprensa do Sindipetro-LP, comentou este caso. “O relato minucioso é muito importante. Sabemos que na bancada de trabalhadores há rotatividade de representantes e, por isso, é fundamental que se construa um histórico de tudo discutido”.
Em relação à visita técnica realizada em Urucu, a bancada dos trabalhadores afirmou que a estrutura da unidade está – positivamente – muito diferente daquela vista na Bahia, onde a situação é crítica. Por outro lado, foi lembrado que em cada visita da comissão nas unidades da Petrobrás já é comportamento comum das gerências “esconder muita coisa por baixo do tapete”.
Prova disso foi o “curioso” pedido da patronal para que novas visitas não sejam feitas em refinarias “até que se adaptem”. Neste sentido, rechaçaram a proposta de que a primeira visita técnica da comissão, em 2013, seja na RLAM, na Bahia. A recusa não é por acaso, uma vez que a unidade abriga uma das situações mais críticas relacionadas ao benzeno, inclusive com uma parada de manutenção interditada por órgãos de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego por conta da situação caótica da refinaria.
Outra questão que veio à tona por conta da visita em Urucu é o fato de que as CIPAS para bases de confinamento precisam ter tratamento diferenciado, pois as necessidades são diferentes. Como exemplos, os presentes citaram as plataformas.
Próximas atividades

Em 5 de outubro, será celebrado pela primeira vez o Dia Nacional de Luta Contra a Exposição ao Benzeno. A data escolhida é uma homenagem ao operador da RPBC Roberto Krappa, que faleceu no mesmo dia, em 2004, por leucemia mieloide aguda – em decorrência da exposição ao benzeno.
Os representantes do Sindipetro-LP ressaltaram a necessidade de que os 17 sindipetros do país se organizem para que esse dia seja de grandes mobilizações e ações educativas. No Litoral Paulista, haverá atos e palestras com a finalidade de conscientizar a categoria sobre os perigos do benzeno. Entrevistas com especialistas e dirigentes engajados no tema já estão sendo realizadas e serão publicadas, em breve, para divulgar amplamente este dia. A programação, assim que for concluída, também será divulgada em nossos boletins.
A próxima reunião da CNPBz está agendada para acontecer em dezembro, em Brasília. Na oportunidade, haverá uma importante atividade – o encontro dos GTBs para troca de experiências, dificuldades, ações positivas e o que pode ser feito conjuntamente para aprimorar o trabalho dos grupos e das CIPAS, alinhando a atuação em nível nacional.
A importância deste encontro foi ressaltada, assim como a necessidade de divulgar amplamente o risco da exposição ao benzeno, ainda mais diante da ofensiva da empresa contra a segurança dos trabalhadores. A intenção da Petrobrás continua sendo avançar no conceito de limite de tolerância ao benzeno, substituindo a interpretação do VRT (Valor de Referência Tecnológico) e adotando o critério quantitativo no lugar do qualitativo.
O encontro de GTBs é o lugar onde os lutadores devem se encontrar, é o lugar onde os trabalhadores que batalham pela vida devem se reunir. É preciso, mais do que nunca, fortalecer a comissão para impedir que a sede por lucro se sobreponha à preservação da vida. O trabalhador vende sua força de trabalho, não sua vida!

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