Para os petroleiros a história já é manjada, é conhecida como o "teatrinho da FUP". A FUP, para quem não conhece é a dita "federação única dos petroleiros", braço da CUT e do governo federal no movimento sindical dos Trabalhadores Petroleiros.
A FUP se encontra com o RH da Petrobrás, que é chefiado por um companheiro deles, onde é instruída sobre o que os acionistas e o governo federal concederão aos trabalhadores. Eles dividem isso em umas duas ou três propostas e "partem para a luta". Embora haja uma nova federação em pleno crescimento morrem de medo, tanto eles quanto a direção da empresa, da tal da mesa única ou mesmo da transmissão ao vivo para toda a categoria do que se passa na mesa de negociações...
Ex-presidente da Petrobrás, Presidente Dilma e mais dois dirigentes da antiga federação |
A direção da empresa demora bastante para fazer a proposta e quando faz, discursos inflamados também são feitos, e uma entidade chamada "Conselho Deliberativo" delibera que a proposta deve ser rejeitada nas bases (É curioso haver um "Conselho Deliberativo" numa estrutura sindical, onde as deliberações deveriam sair de assembléias dos trabalhadores...). Lá pela segunda ou terceira proposta é chamada então uma "Greve por tempo indeterminado" numa sexta feira ou véspera de feriado, nunca numa segunda ou terça feira, por exemplo, que é o que faria mais sentido.
Dilma ganha brindes de seus comandados da FUP |
Neste meio tempo, antes da data estipulada para a tal da greve, a empresa solta aquela proposta já combinada, diz que é a última e o tal do "Conselho Deliberativo" delibera que todos deverão aceitar a proposta conquistada... E ai de quem não aceitar...
Bom, estamos em tempo de mais um acordo coletivo e o que temos hoje?
A Empresa se recusa a oferecer aos trabalhadores o tão sonhado "Aumento Real". Ou seja, eles vão repor a inflação pelo menor índice no salário base e vão oferecer um percentual ligeiramente maior na forma de "remuneração variável", a famigerada RMNR (Remuneração Mínima por Nível e Regime") que já responde por cerca de 30% de nossa remuneração.
Suas palavras recebem palmas emocionadas |
Os aposentados, que trabalharam a vida toda para construir a empresa que temos e lutaram ( e muito) para que tivéssemos uma categoria que já foi referência de salários e benefícios, que tem suas aposentadorias reguladas pelos reajustes dos trabalhadores da ativa tem, ano após ano, sofrido derrotas. O reajuste da tal RMNR não se aplica a eles...
Além disso este aumento por fora do salário, não conta para o cálculo das aposentadorias dos trabalhadores e nem para o FGTS.
Ou seja: Não é salário!
As derrotas não param por aí
O dia de greve que vários trabalhadores fizeram deverá ser compensado !
Mesmo tendo sido legítima.
Como a proposta que está sendo oferecida é horrorosa, oferecem então um Abono, um cala-a-boca. Aproveita-se assim da situação pela qual muitos trabalhadores passam de endividamento e perda de poder aquisitivo. Sendo que esta ano há uma arapuca, o dinheiro emprestado pelo RH no acordo da PLR.
A campanha pela PLR seguiu uma lógica semelhante à que estamos descrevendo, mas a pressão dos trabalhadores estava crescendo, mesmo nas bases que eles consideram "tranquilas" ou "da FUP". Só que a paciência dos companheiros estava se esgotando. o RH então lançou uma ofensiva até então desconhecida pela categoria, o "Dinheirinho Emprestado". Naturalmente o cara que teve essa idéia deve ter sido promovido.
Funciona assim, o RH, para derrotar o movimento atual e preparar o próximo, "adianta" uma quantia em troca da aceitação de sua proposta. Sem esquecer de deixar claro que este "dinheirinho emprestado" deverá ser devolvido no acordo seguinte. A categoria recebe a grana e assim resolve seus problemas mais imediatos e acaba sendo convencida pela antiga federação que trata-se de um "Acordo Histórico", uma "Vitória da Categoria".
Agora, na campanha pelo acordo coletivo eles nos oferecem um abono, sendo que além de impostos, deverá ser descontado o valor emprestado.
Isso é Genial!!!
Eles usam o mesmo dinheiro para derrotar duas campanhas seguidas. Nos emprestam algo que já é nosso... e cobram lá na frente! E já há outras empresas aderindo à moda. Semelhante ao que ocorreu com o "Acordo de Dois Anos".
Nada de aumento real !! |
Após pressionar os trabalhadores e fazer de tudo para convencê-los que "na conjuntura atual isso é uma vitória" eles deliberam aceitação.
Acordo histórico! Conquista da categoria!
Os Petroleiros já tiveram um importante papel na luta dos trabalhadores do Brasil. É necessário retomar essa vontade de lutar e de se unir com outras categorias, ou em pouco tempo estaremos abrindo mão do mínimo que as lutas transformaram em leis, a CLT.
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