terça-feira, 9 de outubro de 2012

RH da Petrobrás e FUP querem destruir o Sindipetro-RJ

A TURMA

A categoria petroleira já não duvida da aliança entre o setor de Recursos Humanos (RH) da Petrobrás, comandada por um ex-sindicalista, Diego Hernandes, e a Federação Única dos Petroleiros (FUP). Afinal, saíram da própria FUP não só Hernandes como dezenas de outros cargos de confiança da empresa.

Mas o que muitos petroleiros talvez não saibam é que esses quadros têm a mesma origem, a tendência que dá as cartas no Partido dos Trabalhadores (PT), a Articulação (mudou de nome, mas será sempre mais facilmente identificada como Articulação). Eles permanecem na direção do PT e estão em postos de forte influência dentro do Sistema Petrobrás. Principalmente na Petrobrás, Transpetro e Petros.

É compreensível, quando um determinado campo político assume o poder, que se cerque de pessoas de sua confiança, egressas da base aliada do governo, para ocupar cargos-chave.

O que não é aceitável é o jogo duplo daqueles que permanecem nos cargos de representação dos trabalhadores, acendendo uma vela pra Deus e outra para o diabo. Menos aceitável é a relação promíscua que tem se estabelecido entre as partes – FUP e RH – e a utilização de meios condenáveis contra o sindicalismo não alinhado com a empresa. Pior ainda é quando o RH da Petrobrás prejudica deliberadamente um sindicato enquanto favorece a outros, desnudando essa relação indecente.

Não se pode aceitar que esses senhores, de forma leviana, tentem destruir o Sindipetro-RJ. E como eles estão fazendo isso? Cortando a única fonte de receita da entidade, a sindicalização. Sem a contribuição dos seus associados, qualquer sindicato fecha suas portas. Isso é o que a direção do Sindipetro-RJ está denunciando.

OS FATOS 

Há mais de um ano as fichas de sindicalização ao Sindipetro-RJ ficam retidas no DP, levando, em média, mais de dois meses para serem cadastradas. Já relatamos esse fato à companhia, reiteradas vezes, por ofício, sem que qualquer providência seja tomada.

- Se a companhia emperra a entrada de novos associados ao Sindipetro-RJ, também cria obstáculos para a saída, levando o petroleiro que quer se desligar a acreditar que se trata de uma dificuldade criada pelo próprio sindicato. Há casos que levam seis meses para serem resolvidos. Essa situação tem causado muito embaraço entre a entidade e a categoria.

- Já quando se trata de desviar sócios do RJ para outras entidades, a empresa age depressa. O Sindipetro-RJ tem algumas centenas de associados em Macaé, pois até 1996 éramos um único sindicato. A direção do Sindipetro-NF, filiado a FUP, criou uma situação jurídica artificial, dizendo que para ter direito ao repouso semanal remunerado, fruto de uma ação impetrada pelo Sindipetro-Norte Fluminense, os trabalhadores deveriam estar vinculados ao “NF”. Com esse argumento, muitos petroleiros embarcados decidiram cancelar a filiação ao Sindipetro-RJ para ingressar no NF.

Até aí, tudo bem. Mas o procedimento legal para trocar de sindicato seria a empresa enviar as fichas ao Sindipetro-RJ que autorizaria o órgão competente da companhia e proceder à mudança. No entanto, as fichas têm seguido diretamente para o órgão de cadastro da Petrobrás que, imediatamente, opera a troca.

É no mínimo estranho: o mesmo órgão que leva meses para sindicalizar um petroleiro da base do Sindipetro-RJ, troca a representação sindical de outros petroleiros com tanta destreza, de forma automática, inclusive passando por cima do procedimento habitual, que seria antes consultar o Sindipetro-RJ.

Insistimos que só depois de ser autorizado pelo Sindipetro-RJ, o referido órgão de cadastro da Petrobrás poderia efetuar a transferência do associado para o Sindipetro-NF. Essa rotina vale para todos os sindicatos dos petroleiros do país. Menos, ao que parece, para o Sindipetro-RJ.

- Como se não bastassem essas manobras com os trabalhadores da ativa, agora atacam também os direitos dos aposentados: o Sindipetro-RJ está recebendo listas da Petros, suspendendo a contribuição de dezenas de aposentados. A Petros argumenta que não pode continuar procedendo aos descontos das mensalidades, porque esses aposentados já teriam atingido o percentual de descontos permitidos por lei. Ora: existe um acordo assinado entre a Petros, os sindicatos e associações de classe, estabelecendo que as mensalidades pagas às nossas entidades não entrariam nesse cálculo. A má fé fica ainda mais evidente, quando se constata que a Petros só está agindo assim com o Sindipetro-RJ. No caso das demais entidades, o acordado continua valendo!

Em relação à defesa dos direitos dos aposentados, a posição do Sindipetro-RJ, que faz parte da Federação Nacional dos Petroleiros, tem sido um divisor de águas. Os governos Collor e FHC sempre defenderam a repactuação, propondo o fim do Plano Petros. Essa é uma bandeira histórica da categoria. Mas, quando o governo do PT chega ao poder, a FUP muda de lado e passa a defender a repactuação. Mas nós não aceitamos o massacre e o corte de direitos adquiridos dos aposentados.

SEMPRE ELE

Como acasos em política não existem, o presidente do Conselho Deliberativo da Petros é o mesmo diretor de RH da companhia, Sr Diego Hernandes. Provavelmente também não deve ser por acaso que a oposição fupistas – que já derrotamos em várias eleições no RJ – usa como mote em suas campanhas contra nós o argumento da “baixa sindicalização”. O argumento, diga-se de passagem, é falso. Estamos entre os sindicatos de petroleiros do país com maior índice de sindicalização. Mas as manobras recentes, que atribuímos à aliança FUP-RH da empresa, podem, de fato, trazer sérios prejuízos ao Sindipetro-RJ.

O Sindipetro-RJ traz ao conhecimento da categoria essa maracutaias e avisa que vai continuar agindo com independência, sem submeter os interesses dos trabalhadores aos da empresa. Além disso, vamos recorrer à Justiça.

Mas é lamentável que uma história de luta, escrita com tanto orgulho pelos trabalhadores das gerações que conquistaram a redemocratização do país e o direito à reorganização sindical, esteja sendo manchada por interesses mesquinhos e métodos escusos.

Fonte: Surgente - jornal semanal do Sindipetro-RJ, edição nº 1213 (5/10/12).

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