quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Portugal, Política de terra queimada


Para quem ainda tinha dúvidas sobre os efeitos das medidas de austeridade do governo e da troika sobre a população e a economia, este final de ano encarregou-se de dissipá-las. Alguns números e previsões divulgados são estarrecedores e bastante reveladores de como será o ano de 2012:

Os portugueses vão perder 5,4% de remuneração real, o valor mais baixo desde 1985, segundo os cálculos do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE);



Os trabalhadores vão dar às empresas mais 23 dias de trabalho grátis por ano, como resultado dos 16 dias que totalizam a meia hora adicional diária ao horário de trabalho imposta pelo Orçamento de Estado para 2012, somados ao fim dos três dias de férias adicionais estipulados no Código do Trabalho para premiar a assiduidade e o fim de quatro feriados nacionais, de acordo com os cálculos da CGTP. A esses dias não remunerados, soma-se o corte para metade do preço do trabalho suplementar e a eliminação dos 25% adicionais após a primeira hora extraordinária.
O desemprego vai aumentar para 13,6% (previsão da Comissão Europeia) ou 13,8% (previsão da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico/OCDE); hoje já atinge 12,4% da população ativa (cerca de 700 mil pessoas), a taxa mais elevada desde que o Instituto Nacional de Estatística (INE) acompanha o desemprego no país; a taxa de desemprego dos jovens pulou de 27% no segundo trimestre deste ano para 30% no terceiro.
Enquanto o desemprego aumenta, o valor das indemnizações por despedimento será reduzido para de 8 a 12 dias por ano de trabalho. Este valor começou a ser reduzido já em novembro último, quando baixou de 30 para 20 dias por ano de trabalho para os novos contratos.
Como resultado das medidas de austeridade, a recessão vai aumentar em 2012, com o Produto Interno Bruto (PIB) a contrair entre 3 a 3,2%. Tudo isso para reduzir o défice público para 4,5%, o que dificilmente ocorrerá, como admitem muitos economistas. Este ano, o défice orçamental só não superou os 5,9% acertados com a troika porque houve a transferência do fundo de pensões da banca para o Estado. Se não fosse isso, o défice chegaria a 7,5% do PIB. Como no próximo ano não haverá fundos de pensão aos quais recorrer, o governo irá lançar mão ao tradicional saque ao bolso do trabalhador, combinando com a troika novas medidas de austeridade.
Como resultado das política até agora aplicadas, em 2011 já emigraram mais de 100 mil portugueses, sem esperança e sem outra alternativa para não passar fome. Exatamente como o primeiro-ministro aconselhou: vão embora porque aqui não há futuro para a juventude! Está mais do que na hora de obrigar Passos Coelho, ele sim, a emigrar do poder!


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