Há exatos 100 anos, no dia 2 de fevereiro de 1912, a então Liga dos Republicanos Combatentes, uma organização formada por políticos e veteranos de guerra, promoveu um dos maiores massacres racistas da história de Alagoas e do Brasil. No episódio, que ficou conhecido como o “Quebra de Xangô” foram destruídos dezenas de terreiros de Umbanda e Candomblé na capital alagoana, em uma ação coordenada e premeditada. Pais de Santo e líderes religiosos foram espancados e imagens de culto foram destruídas na calada da noite, e o que se seguiu naquela época foi uma grande campanha de “demonização” das religiões afro. A ação tinha como um de seus líderes o ex-Governador Fernandes Lima, que até hoje é homenageado com seu nome na principal Avenida de Maceió, e a motivação, além de religiosa era política: tentar afastar o então Governador Euclides Malta, conhecido por sua amizade com líderes de religiões afro.
Mas não foi só em 1912 que a vida, a cultura e a religião do povo negro foram massacradas em nome de interesses políticos e da intolerância racista em Alagoas. A burguesia hoje quer nos fazer acreditar que vivemos hoje numa democracia racial, que a escravidão e a superexploração do povo negro ficaram para trás. Cem anos depois do Quebra de Xangô o massacre continua, só que desta vez com uma roupagem moderna. Em pleno século XXI o povo negro de Maceió continua sofrendo com a violência policial nas comunidades, onde jovens sem nenhuma perspectiva de emprego são recrutados um a um pelo tráfico de drogas, e perdem suas vidas em nome do lucro de burgueses que constróem verdadeiros impérios do crime organizado, na cidade onde mais se matam jovens no Brasil, a terceira mais violenta do mundo. No campo o trabalho escravo ainda é realidade, e serve de força motriz para o setor sucro-alcooleiro, os pais da miséria e da fome em nosso Estado.
Para “comemorar” os 100 anos do Quebra de Xangô o Governador do Estado, Teotônio Vilela/PSDB, resolveu assinar um documento pedindo “perdão” oficial pela chacina. Estamos muito convencidos de que este “perdão” não possui um pingo sequer de sinceridade, primeiro porque Téo pertence ao PSDB, o mesmo partido que ordenou os recentes massacres no Pinheirinho e na Cracolândia em São Paulo. O próprio Téo representou desde o início de seu mandato um recrudescimento da violência policial em Alagoas na cidade e no campo, ao ordenar inúmeros despejos violentos, usando e abusando de cassetetes, bombas e balas de borracha, ateando fogo e passando tratores por cima das casas dos trabalhadores. E o pior é que o PSDB vêm implementando há anos sua política da “democracia do cassetete” contra o povo negro com a conivência dos Governos de Lula e Dilma/PT, que sempre disseram estar ao lado dos trabalhadores.
Nós do PSTU, um partido que sempre esteve ao lado da luta do povo negro, não podemos deixar de enxergar nas manifestações da cultura negra, na Umbanda, no Candomblé, no Maracatu, no Hip Hop, dentre tantas outras, a verdadeira continuidade da luta de resistência dos quilombolas. Em cada ocupação de terra, na cidade e no campo, em cada grota e em cada comunidade pobre está um pedaço de Palmares e em cada lutador que resiste está um pouco de Zumbi! É necessário unificar os movimentos de resistência do povo negro com os sindicatos e demais organizações de luta da classe trabalhadora para derrotar a política fascista de Téo e do PSDB!
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