segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Tropa de Choque invade a USP e prende 12 estudantes


Libertação imediata dos estudantes presos! Anistia a todos os perseguidos políticos da USP!

O dia 19 de fevereiro de 2012, domingo de carnaval, amanheceu novamente com a presença da Tropa de Choque na USP. Dessa vez, a Polícia, a mando do reitor Rodas e do governador Geraldo Alckmin, prendeu mais 12 pessoas que lutavam pelo direito à moradia universitária – dentre eles um menor de idade e uma grávida de oito meses.

Mais uma tentativa de criminalização do movimento em defesa da universidade

O atual reitor da USP, João Grandino Rodas, é conhecido pela intolerância contra as mobilizações na Universidade. Rodas foi o responsável pela ocupação da Faculdade de Direito pela Tropa de Choque em 2007, pela demissão de centenas de funcionários em 2010 e a perseguição aos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP), pelo convênio que institucionaliza a presença da Polícia Militar nos campi da USP, pela prisão de 73 estudantes que ocupavam a reitoria no dia 08 de novembro de 2011, pela expulsão de seis estudantes envolvidos na ocupação de um andar do Conjunto Residencial da USP (CRUSP), pelo fechamento do espaço do Diretório Central dos Estudantes e a ameaça armada a um estudante negro e a uma estudante grávida por parte de um policial em 06 de janeiro de 2012, e agora pela prisão de mais 12 estudantes.
Isso tudo porque o objetivo da reitoria, diretamente comandada pelo governo do estado de São Paulo, é entregar a USP às empresas nacionais e multinacionais, seguindo o projeto de educação defendido pelo Banco Mundial e aplicado em todo o país a partir do governo federal de Dilma. Rodas quer tornar a universidade um espaço de produção de pesquisa e mão de obra especializada para cumprir com as necessidades da burguesia paulista. Assim, oferece os professores, pesquisadores e a estrutura da USP para as empresas através não só de convênios de pesquisa e cursos pagos, mas também a partir da reestruturação dos cursos regulares da própria USP. Desse modo, cursos pouco “competitivos” correm o risco de ser fechados. Os demais cursos têm sua grade curricular reformada, tornando-se mais agradável aos interesses privados. E quem luta contra isso é duramente reprimido.

Rodas e Alckmin odeiam os pobres

Como se isso não bastasse, o reitor e o governador procuram afastar os pobres da USP, tornando-a um espaço exclusivo da elite paulista. A USP por muito tempo foi conhecida pela população dos bairros próximos como um lugar público, aberto ao lazer e à visitação. Atualmente, o perfil da universidade é completamente outro. Catracas estão sendo instaladas em todo o campus, impedindo a entrada de pessoas que não têm vínculo acadêmico com a universidade; as comunidades localizadas próximo à Cidade Universitária serão “reurbanizadas”, com o objetivo de tornar a região ao redor da universidade “compatível” com a importância da USP; o circular, ônibus gratuito que faz o trajeto dentro docampus e que passará, conforme reivindicação da greve estudantil de 2011, a ligar a universidade à estação de metrô, será restrito aos membros da comunidade universitária, que receberão um bilhete de ônibus especial; e as políticas de permanência estudantil, tão necessárias aos estudantes pobres que tentam estudar na USP, são cada vez mais deficitárias.
A ocupação da Moradia da USP, que hoje conta com seis estudantes expulsos e doze presos, iniciou em 2010 após centenas de calouros não conseguirem vagas no alojamento estudantil para iniciar seus estudos. Naquele ano, ficou claro quão deficientes são as políticas de permanência estudantil da USP. Sem ter para onde ir, os estudantes ocuparam o andar térreo do Bloco G do CRUSP, onde anteriormente funcionava o serviço de assistência social, e lá começaram a morar. Hoje, ao invés de responder a esse sério problema da universidade, a reitoria opta por prender aqueles estudantes que nada fizeram além de tentar ter um lugar para morar.
Aqui as coincidências não são um acaso. Rodas aplica na USP a mesma política que Alckmin aplica em todo o estado: expulsar famílias que ocupam terrenos e prédios vazios por não ter onde morar. O recente caso do Pinheirinho, em São José dos Campos, é categórico: milhares de famílias expulsas de um bairro iniciado com uma ocupação há oito anos sob o mais forte operativo militar, que hoje simplesmente não têm para onde ir. Vale notar que esta não é uma exclusividade do estado de São Paulo. Desocupações violentas também têm ocorrido em todo o país, seguindo o interesse das empresas, dos governos estaduais e de Dilma em entregar as cidades às empreiteiras para a realização de eventos como a Copa do Mundo.
Rodas e Alckmin querem não só entregar a USP às empresas, como também “limpar” a universidade e seu entorno, expulsando os pobres de dentro e fora da USP, a exemplo do que o governo do estado fez no Pinheirinho e em dezenas de ocupações em todo o estado.

Democracia na USP já! Abaixo a ditadura de Rodas e Alckmin!

Defendemos a total liberdade de manifestação e organização política na universidade. Lutar não é crime! Por isso, exigimos a imediata soltura dos estudantes presos, bem como a anistia a todos os perseguidos políticos de Rodas e Alckmin.
Convocamos a todas as entidades e movimentos sociais de dentro e fora da USP a se somarem em uma grande campanha em defesa da democracia na USP. Abaixo a ditadura privatista na universidade! Em defesa dos lutadores perseguidos!


Libertação imediata dos 12 estudantes presos!
Anistia a todos os que foram presos por lutar na USP!
Readmissão imediata dos 6 estudantes expulsos!
Educação não é caso de polícia! Fora PM do campus! Por um projeto alternativo de segurança!
Abaixo a criminalização dos movimentos sociais! Solidariedade aos lutadores do Pinheirinho e de todo o país!
Abaixo à higienização social e a política de ódio aos pobres de Alckmin!

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