domingo, 16 de setembro de 2012

Estranho desaparecimento do provável futuro líder da China provoca onda de especulações

O estranho desaparecimento daquele que é apontado por todos como o próximo líder da China, no próximo congresso do Partido Comunista Chinês, está a tornar-se num pesadelo para quem apostava num ano de transição de poder tranquilo, que mostrasse ao resto do mundo uma China estável. 

Durante os últimos dias, Xi Jinping faltou pelo menos a três compromissos com altos dirigentes estrangeiros, incluindo os encontros com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, na quarta-feira, e com o primeiro-ministro dinamarquês, na segunda-feira. Até ao momento as autoridades oficiais ainda não deram qualquer explicação sobre o assunto.

As especulações sobre a saúde física (ou política) de Xi Jinping, de 59 anos, começaram a circular vertiginosamente pela internet. Alguns diplomatas afirmam que ouviram dizer que teria contraído uma lesão muscular enquanto nadava. Outros quando jogava futebol. Um órgão de imprensa chinês noticiou que Xi Jinping teria sofrido um acidente de automóvel provocado por um oficial militar partidário de Bo Xilai, numa tentativa de assassiná-lo. Uma outra versão surgiu ainda por parte de um analista político de Pequim, sob anonimato, declarando que Xi teria sofrido um ligeiro ataque cardíaco.

Seja qual for a razão para a ausência de Xi Jinping, a verdade é que, na véspera daquela que é a transição de poder da década, o desaparecimento ganha outra dimensão e afecta a estratégia de quem tinha expectativas de enviar ao povo chinês e ao resto do mundo um sinal de estabilidade. E isso é factual.

Falhas de comunicação

Os analistas que acompanham a política chinesa continuam no entanto a afirmar que a transição deve ocorrer mais ou menos dentro do planeado e que o núcleo da equipa de Xi Jinping começa lentamente a ganhar forma, tal como o alinhamento para o Comité Central, à medida que se aproxima a data do Congresso.

Por outro lado, o panorama começa a ficar bem mais complicado do era esperado. Na passada quarta-feira, alguns diplomatas afirmaram em privado que Xi estaria com um problema na coluna depois de ter faltado ao encontro com Hillary Clinton e com o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong.

Esta segunda-feira a situação agravou-se. Os jornalistas estrangeiros foram convidados para tirar fotos do encontro de Xi Jinping com o primeiro-ministro dinamarquês. Mais tarde, no entanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros negou que esse encontro estivesse agendado e que seriam outras autoridades chinesas a encontrar-se com o primeiro-ministro dinamarquês. “Já dissemos tudo o que tínhamos a dizer”, declarou o porta-voz do ministério, Hong Lei.

O cancelamento de encontros à última hora, com altos representantes estrangeiros, é muito raro na China. Adicionando a falta de quaisquer explicações sobre o assunto e os comentários de analistas e diplomatas sobre ataques cardíacos e problemas musculares, o cenário ganha contornos cada vez mais misteriosos.

Foto antiga

A ausência de Xi Jinping surge num ano particularmente turbulento no sistema político chinês. Na Primavera, o líder Bo Xilai foi demitido dos seus cargos. Depois, a sua mulher foi acusada de homicídio de um empresário britânico, sendo posteriormente condenada à morte, com pena suspensa. O chefe da polícia de Chonqching e braço direito de Bo Xilai, Wang Lijun, viu-se acusado de encobrir o homicídio, entre outros crimes.

Mais recentemente, o chefe de gabinete do actual presidente, Hu Jintao, foi também afastado do cargo, presumivelmente devido ao escândalo que envolveu o seu filho, há cinco meses, quando teve um acidente num Ferrari, em que viajavam com ele duas mulheres semi-nuas.

Outro facto a causar alguma estranheza é não ter sido ainda anunciada a data do congresso do Partido Comunista Chinês.

Para tentar amenizar as preocupações sobre o paradeiro de Xi Jinping, um jornal estatal publicou na segunda-feira, uma reportagem do líder chinês a falar com estudantes numa escola. No entanto, tanto a foto como o discurso referiam-se a 1 de Setembro, último dia em que Xi Jinping foi visto em público.

Família com fortuna descomunal? 

A Bloomberg noticiou em finais de Junho que a família do provável futuro líder chinês era possuidora de uma fortuna descomunal, não estabelecendo no entanto qualquer ligação entre Xi Jinping e a construção do império dos seus familiares. Até porque o pai dele foi um homem influente.Segundo a notícia, a fortuna da família de Xi Jinping ascenderá a mais de 2 mil milhões de patacas (1) em acções da Shenzhen Yuanwei, uma empresa de investimento imobiliário, para além de ser também proprietária de outras empresas e possuir ainda várias propriedades em Hong Kong, cujo valor ascenderá a cerca de 500 milhões de patacas.A irmã mais velha de Xi, Qi Qiaoqiao, de 63 anos, o seu marido, Deng Jiagui, de 61, e a filha deles, Zhang Yannan, de 33, serão os detentores da maior parte da fortuna. Mas também um cunhado de Xi, Wu Long, está à frente da New Postcom Equipmant, que assinou contratos milionários com a empresa estatal China Mobil.
No entanto, a Bloomberg salienta também que não foi nunca estabelecida entre Xi Jinping, a sua mulher, ou a sua filha, que estuda em Harvard, qualquer ligação com a fortuna dos restantes familiares, nem que este tenha de qualquer forma ajudado à construção do império.Mesmo assim, o acesso ao site da Bloomberg foi encerrado no continente.Um estudo recente efectuado pelo Diário do Povo revelou que 91% dos inquiridos responderam que associavam as famílias ricas ao poder político.

Clique aqui e leia direto da fonte.



(1) - A Pataca (abreviação: MOP), subdividida em 100 avos, é a moeda oficial da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China.

O Governo de Macau, na altura uma colónia portuguesa, querendo criar a sua própria moeda oficial, autorizou, em 1901, o Banco Nacional Ultramarino (BNU) a emitir notas com a denominação de patacas. As primeiras notas impressas começaram a entrar em circulação em 1906 e 1907. A sua cotação está indexada à cotação do dólar de Hong Kong.

A pataca tornou-se então a moeda oficial de Macau, substituindo o real ao câmbio de 1 pataca = 450 réis.

A partir de 1995, o Banco da China passou a ser também responsável pela impressão de notas.

A pataca encontra-se oficialmente indexada ao dólar de Hong Kong, cuja circulação em Macau é livre. A taxa de câmbio é de MOP$103,20 para HK$100, com uma ligeira variação até 10%. Cerca de 12 a 13 Patacas equivalem a 1 euro e cerca de 7,8 a 8 Patacas a 1 dólar estadunidenseDado que a Pataca está indexada ao Dólar de Hong Kong e esta ao Dólar estadunidense (USD), a variação do valor da Pataca em relação ao USD é pequena. Contudo, o mesmo não se passa em relação ao Euro, que em 2003 valia entre 8 a 9 Patacas e em Julho de 2008 chegou a valer 13 Patacas. Fonte: Wikipédia


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