A posição da Apple como líder mundial em inovação tecnológica trouxe grandes recompensas para aqueles que conduzem a empresa ou são acionistas dela, bem como elevou seu co-fundador Steve Jobs ao postode semideus. Entretanto, os homens e as mulheres que fabricam os produtos altamente lucrativos da Apple não estão indo bem, e a Federação Americana do Trabalho e o Congresso das Organizações Industriais (AFL-CIO, na sigla em inglês) querem muito mudar este
quadro.
“Quando se trata de tecnologia, a Apple revolucionou a indústria e
criou padrões que outras companhias aspiram atingir. Ela é a maior
companhia de capital aberto do mundo, valendo US$465 bilhões”, observa
o presidente da AFL-CIO, Richard Trumka, que completa: “O sucesso
recorde da Apple vem com um preço alto demais”.
Ele cita as notícias veiculadas de que os trabalhadores que montam
iPhones, iPads e iPods na Foxconn, o principal fornecedor da Apple na
China, “têm sofrido sem necessidade com danos permanentes e até mesmo
morrido em tragédias evitáveis, incluindo suicídios, explosões e
exaustão por conta dos turnos de 30 a 60 horas.” Há também relatos de
trabalhadores sofrendo de lesões por movimento repetitivo que causam
invalidez permanente. Outros foram expostos a toxinas.
As fábricas da Foxconn são estabelecimentos de longas jornadas e
baixos salários do pior tipo, mantendo-se graças ao trabalho infantil
e violações graves de direitos trabalhistas básicos. As condições de
trabalho são horríveis e brutais.
Então, o que fazer? Para começar, a AFL-CIO está se unindo a um
movimento global que irá apresentar centenas de milhares de petições
de ativistas de todo o mundo ao CEO da Apple Tim Cook. As petições
demandam que Cook se certifique de que os trabalhadores que fabricam
os produtos Apple sejam tratados de maneira justa e ética. O trabalho
deles é essencial para o sucesso da empresa e o desenvolvimento dos
produtos comprados e usados por milhões de pessoas.
O próprio Trumka é um dos clientes Apple satisfeitos. Ele usa um
iPhone, que ele descreve como “intuitivo e poderoso – uma máquina
incrível.”
Entretanto, a AFL-CIO insiste que a Apple “transforme a indústria por
ser ética e inovativa... e garanta que a qualidade de suas condições
de trabalho condigam com a qualidade de seus produtos.” Além disso, a
Federação quer que a Apple “permita imediatamente sindicatos
verdadeiros, inspeções independentes e treinamentos aos trabalhadores
em suas fábricas na China e em todos os lugares.
A Apple pode perfeitamente aceitar todas as demandas e mais algumas.
Os custos de manufatura, de acordo com o presidente da Federação, “são
apenas uma pequena porcentagem dos gastos da Apple. Os trabalhadores
chineses ganham apenas US$8 por um iPad de US$499, por exemplo,
enquanto a Apple embolsa US$150 do preço de revenda. A empresa está
montada em US$100 bilhões.
A gigante da tecnologia pode exigir que seus fornecedores melhorem as
condições de trabalho sob pena de perder o contrato. Um executivo que
não quis se identificar disse recentemente ao New York Times que “os
fornecedores teriam de mudar tudo amanhã se a Apple os dissesse que
eles não tinham outra escolha.”
O Times apresentou uma outra citação de uma fonte anônima diferente
que contradiz a afirmação da Federação a respeito da empresa ser
inovadora e ética. O executivo disse que há uma barganha entre
condições de trabalho e inovação: “Você pode ter manufatura em
fábricas confortáveis e adequadas ao trabalhador,” ou você pode
“fabricar melhor, mais rápido e mais barato, o que requer fábricas que
podem parecer grosseiras para os padrões americanos.”
A escolha da Apple, é claro, foi a de mudar sua produção para o
exterior onde ela consegue que o trabalho seja feito de modo “mais
rápido e mais barato” por trabalhadores altamente explorados e
facilmente manipulados sob condições que jamais seriam toleradas nos
Estados Unidos.
A Apple tenta se esquivar das acusações se unindo a um sindicato
patronal, a Associação do Trabalho Justo (FLA, na sigla em inglês)
para negociar as inspeções nas fábricas dos fornecedores. É pouco
provável que alguma coisa mude, já que a FLA foi fundada e é
controlada por corporações multinacionais que deveria investigar.
Como Richard Trumka aponta, “O que os líderes fazem importa. A Apple é
agora a líder na sua indústria. Por isso a AFL-CIO vai observar a
Apple mais de perto para garantir que a empresa aja corretamente com
os empregados que fabricam seus produtos – não importa onde eles
vivam.”
6 de março de 2012.
Por: Dick Meister
Por: Dick Meister
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