sexta-feira, 9 de março de 2012

Petrobrás e a Discriminação aos Contratados

Arte do companheiro Mega
Petrobrás terá que realizar campanha na Rede Globo por discriminar funcionário

A Petrobrás firmou acordo judicial com o MPT (Ministério Público do Trabalho), em São José dos Campos (SP), para “encerrar” a discriminação a terceirizados na planta da Refinaria Henrique Lages (Revap), no Vale do Paraíba. A conciliação extingue ação civil pública ajuizada contra a empresa, contendo obrigações a serem cumpridas para o encerramento do feito judicial, entre elas, produzir e veicular campanha de conscientização em âmbito nacional e efetuar em juízo a doação do valor de R$ 412 mil, a ser destinado a entidades beneficentes escolhidas pelo MPT.

Como a determinação prevê que a campanha deverá ir ao ar na emissora brasileira de maior au­diência nos intervalos da pro­gra­mação do horário nobre, entre os me­ses de março e abril, a Petrobrás terá a indigesta tarefa de veicular na Rede Globo a discriminação que vem cometendo contra os terceirizados.

Em novembro de 2010, o MPT ajuizou ação civil pública com base em evidências levantadas em inquérito civil de que a Petrobrás exercia atos de discriminação contra trabalhadores contratados por empresas terceirizadas para exercer atividades na Revap. Isso acontecia, principalmente, contra aqueles que possuíam antecedentes criminais, processos judiciais em trâmite na Justiça do Trabalho ou haviam participado de movimento grevista. A prática irregular é comumente chamada de “lista discriminatória”.

Mesmo após terem sido aprovados em processo de seleção da empresa contratada, os terceirizados encontraram restrições no portão de acesso à refinaria, sem receber o crachá que garante a entrada ao local. Após os acontecimentos, alguns chegaram a ser desligados da empresa. O MPT recebeu do sindicato da categoria cerca de 30 relatos de trabalhadores que foram vítimas da discriminação.

A ação civil pública ajuizada pedia o fim dos atos discriminatórios, com a garantia de total acesso dos terceirizados às dependências da Revap, além de uma indenização milionária no valor de R$ 500 milhões. A Justiça de São José dos Campos chegou a conceder liminar favorável ao MPT.

Com o acordo, a Petrobrás se compromete a não admitir qualquer prática limitativa de acesso ao trabalho das pessoas qualificadas para tanto. A companhia deve inserir nos novos contratos de prestação de serviços cláusula que vede a prática discriminatória, com a previsão de multas e rescisão pelo descumprimento pelas empresas terceirizadas.

Indenização

Para fins indenizatórios, a Petrobrás deve efetuar o depósito da quantia de R$ 412.750 em uma conta judicial vinculada à ação civil pública. O valor será destinado a entidades beneficentes indicadas pelo Ministério Público do Trabalho.

O processo fica suspenso até que haja a comprovação do cumprimento integral do acordo. Caso haja o descumprimento, O MPT pedirá o julgamento da ação civil pública com indenização de R$ 500 milhões.



Pessoal, o negócio é sério mesmo. A cultura da discriminação é assustadora em muitas empresas. Na Petrobrás, embora a decisão da justiça signifique um avanço, ainda há muito a trabalhar. São vários os sinais que com o tempo vão se tornando "comuns". 

Um exemplo emblemático é a diferenciação entre "Petroleiros" e "Contratados", como se todos os trabalhadores da indústria do Petróleo não fossem da categoria petroleira. Essa cultura discriminatória é tão arraigada que faz com que a simples cor do crachá determine aos olhos de alguns com quem "vale a pena" se relacionar dentro e fora da empresa. 

Recentemente uma matéria publicada no caderno "Boa Chance" do Jornal "O Globo" de domingo ilustrou com clareza este assunto:

"Caso curioso da fusão de profissional e identidade acontece na Petrobras. Na gigante do petróleo brasileiro existe uma verdadeira "cultura do crachá". Os concursados, chamados de "petroleiros", ganham um cartão verde, enquanto os terceirizados recebem um marrom. E funcionários relatam que acaba havendo uma distância entre eles, motivada pela diferença de cores."

— É natural, no elevador, dar uma olhada na pessoa que está ao lado, para ver a cor do crachá. E raramente "verdes" e "marrons" saem para almoçar juntos — garante Fernanda Dogiec, analista de banco de dados e dona de um crachá marrom. — O crachá verde representa estabilidade, mas, como terceirizada da Petrobras, também tenho muitos benefícios. Tenho orgulho mesmo sendo "marrom".


A íntegra da matéria poderá ser lida no próprio site da Globo: Link


13 comentários:

  1. Achei realista, acrescentando ainda que existem funcionários da Petrobrás que simplesmente não falam com contratados. Existiu um caso no Centro de Pesquisas onde um Petroleiro redigiu um email onde dizia sentir-se mal porque só os contratados trabalhavam, este Petroleiro foi demitido e os funcionarios proibidos de divulgar tal email, no seu último dia seus colegas também Petroleiros aplaudiram por sua demissão ao ve-lo passar. Uma Vergonha.

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    1. Eu soube deste fato, foi realmente muito complicado. Havia outras questões envolvidas e a empesa aproveitou o clima criado para servir de "exemplo" para quaisquer outras manifestações de funcionários...

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  2. Na ampliação do Centro de Pesquisas há elevadores de uso "exclusivo" de funcionários Petrobrás e outros só para o pessoal do CNC. Olho vivo!

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  3. Sou Funcionário há 34 anos de Petrobras, repudio a forma com que certos "Petroleiros" tratam contratados, pois existem contratados com mais de 20 ou 30 anos de casa ganhando 1/2 do que funcionarios, não é a toa que Eike Batista está buscando esta mão de obra já treinada e desvalorizada por quem devia valorizar.
    Existem casos também de Petroleiros que fizeram prova apenas para estágio e está na companha até hoje. (anos 80 era assim)
    E aí, prova para estágio é petroleiro? E os que entraram na "calada da noite" ou por "CV"??? Porque não aproveitar esta mão de obra integrando-os na companhia, se quando querem o fazem?

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  4. Já fui estagiária contratada e agora sou empregada direta. Cada cor de cracha um tratamento distinto.

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  5. Sou concursado da empresa e esta foi a única maneira de eu entrar para o quadro de funcionários da PETROBRAS, já que não tenho padrinho que pudesse me colocar lá dentro. É claro que não são todos assim, mas no meu meio é assim que normalmente acontece. Sou a favor do concurso público ou da contratação por meio de processos seletivos em empresas idôneas de RH. São as maneiras democráticas de acesso a qualquer emprego.

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  6. a petrobras d















    a petrobras deveria fazer concursos de verdade, pois 1 vaga é o máximo que está nos editais. Existe discriminção sim,já fui tercerizado dela e não tinhamos direito de tomar café da manhã somente o almoço e era humilhante isso colegas nosso que realizava as mesmas atividades lanchava e nós pareciamos menndigos só olhando.

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  7. Sou estagiária na Petrobras,só não vou citar qual refinaria,e não vejo a hora do meu estágio acabar. Acham que estão nos fazendo favor em conviver com eles e não na empresa. Chefes autocráticos e menos preparados do que eu ou outras pessoas terceirizadas. Tem terceirizado que ganha mais que certos cargos lá dentro e eles se a acham deuses. Vou passar em um concurso e esfregar na cara dos que me humilham lá dentro, e orar todos os dias para que não seje soberba igual 90% lá dentro que nem sequer fizeram concurso, pois muitos vieram da liquigáz sem prova de seleção,e se acham os últimos troianos!

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  8. Ah,só pra constar ,o crachá de estagiário é amarelo.

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  9. A Petrobrás é como qualquer empresa,o problema é que quem entra,fica iludido com as propagandas externas ,achando que já vai começar ganhando 6mil e um monte de folga.Eu particularmente conheço pessoas humanas e excelentes lá,que na visão delas o crachá é só um detalhe,mas não deixam de ter orgulho claro,pois algumas venceram etapas mais que concorridas,no entanto a uma parcela que é podre,como em qualquer empresa normal,só esperam a oportunidade para te humilhar! (Fonte:Experiência própria) Não se esqueçam minha gente,petroleiros são seres humanos,sujeitos a acertos e desacertos,não se iludam,´lá não é o pais das maravilhas ,mas trabalhar lá ainda que contratado te abre muitas portas , pois o nome da empresa é forte!

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