Mina de Xisto no Paraná. Foto de PATRÍCIA MORESCO |
O surgimento de novas tecnologias energéticas – extração de gás e petróleo de xisto é capaz de influir seriamente sobre as relações internacionais
Grandes jogadores mundiais que até agora dependem da importação de energéticos, dentro de algum tempo poderão ser seus exportadores. Tal situação, se ela realmente acontecer (isto está muito longe, as perspectivas de exploração do xisto por enquanto não são evidentes) inevitavelmente colocarão sérias questões também perante a Rússia, que é grande fornecedor de energéticos no mercado mundial. Moscou terá de corrigir inevitavelmente sua política interna e externa.
Ainda há dez anos era impossível pressupor que os EUA se tornariam grande produtor de gás natural e ultrapassariam, em volume de sua extração, a Rússia, que ocupava até então o primeiro lugar. Agora isto é fato consumado. As explorações de gás de xisto começaram em muitos países do mundo, inclusive na Polônia, Ucrânia, Austrália, Grã-Bretanha e também na China. Segundo informações dos meios de comunicação social, o Reino Unido até 2032 irá suprir, por conta do gás de xisto, um quarto de suas necessidades desse tipo de combustível.
Surgiram também tecnologias que possibilitam obter petróleo de xisto. Por exemplo, há informações de que o Japão conta seriamente com isto. A companhia Japan Petroleum Exploration conseguiu obter combustíveis líquidos de xisto, o que, possivelmente, será a solução do problema de grave escassez de energia nesse país, que também está relacionado com a recusa, em perspectiva, da energia atômica pelo Japão.
A revolução do xisto, se ela ocorrer, terá inevitavelmente forte influência sobre as relações internacionais. Imaginemos um roteiro puramente teórico, que por enquanto não tem nada a ver com a realidade. Os EUA, os países da Europa Ocidental e a China cessam a importação de petróleo e gás, ou pelo menos reduzem-na bruscamente. Neste caso pode-se incluir no campo de vítimas as monarquias petrolíferas do Golfo Pérsico. A procura do seu principal produto cairá bruscamente e elas serão obrigadas a reduzir consideravelmente suas ambições geopolíticas.
Também cairá o interesse dos EUA pela Ásia Central. Provavelmente cessará a realização de projetos de condutas contornando a Rússia. Não serão claras as perspectivas de exploração de jazidas no mar Cáspio. Possivelmente em lugar de tentativas de assegurar o acesso a reservas de energéticos, que se encontram fora de suas fronteiras, Washington concentrará seus esforços em outras direções. Por exemplo, na recuperação de suas posições na América Latina, que nos últimos anos se abalaram visivelmente.
No que se refere à China, que também planeja começar a extração em seu território de gás e petróleo de xisto, existe grande probabilidade de que, também para ela, a região centro-asiática perderá seu encanto. Perderá sentido a ativa expansão chinesa na África e diminuirá a dependência de Pequim aos fornecimentos de petróleo do Golfo Pérsico.
À primeira vista, caso as tecnologias do xisto se justifiquem, a Rússia ficaria no campo dos que perderam. Isto, entretanto, não é bem assim. Em primeiro lugar, diferentemente das petrocracias clássicas do tipo da Arábia Saudita, ela tem uma economia mais variada. Naturalmente ela depende fortemente das receitas do petróleo e gás, entretanto sua diminuição somente servirá de grande estímulo complementar para a diversificação econômica.
Deve-se salientar que os roteiros expostos são apenas suposições, que pode se realizar e podem apenas ficar no papel. Não antes de sete-dez anos será possível compreender que influência exercerá realmente o xisto sobre as relações internacionais. E pode ser ainda mais tarde. Mas é melhor começar a pensar nisto já hoje
Fonte: Voz da Rússia
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