Fatos extraordinários mudaram recentemente o cotidiano da cidade de Maceió. Primeiro quatro ônibus queimados em diferentes regiões da cidade. Depois, um arrastão no centro de Maceió que assustou trabalhadores do comércio e consumidores que se viram em meio a um turbilhão de desespero e insegurança. A polêmica se instaurou com declarações da Associação Comercial de Maceió e do próprio Governador Teotônio Vilela de que o arrastão não passou de um “boato” construído por “Pessoas de má fé”. Contudo, é impossível negar a existência de quatro ônibus queimados (atitude de suposta autoria do PCC) e de um clima generalizado de medo na cidade.
A miséria Alagoana
Ainda que o arrastão tenha sido uma
mentira, hipótese pouco provável, não soa deslocado para os
moradores da cidade de Maceió que vivem o cotidiano de violência
desta cidade. Trata-se do Estado com o maior número de
homicídios do país, 2.226 em 2010, segundo o Mapa da Violência
2012. São 109,9 casos para cada 100 mil habitantes.
O número de assassinatos a
homossexuais é mais um indicador do quão bárbara se encontra a
situação de Alagoas e revela o clima de insegurança e opressão
que vive a comunidade LGBT no Estado: no ano de 2010 morreram 24
homossexuais em Alagoas segundo o IBGE, o que torna esse o Estado em
que mais se mata homossexuais no país, 7,7 por milhão de
habitantes.
Alagoas lidera também outros
índices alarmantes. Somos o Estado com a maior taxa de analfabetismo
no país, 24,6% registrados pelo Instituto de Pesquisa e economia
aplicada (IPEA) em 2010, muito acima da média nacional de 9,6%.
Somos também o Estado com a taxa mais alta de evasão escolar do
país, 21% segundo o Ministério da Educação. Esses valores
nos levam a questionar quanto está sendo investido em educação de
tudo aquilo que é arrecado pelo Governo do Estado. Fica claro
para todos aqueles que dependem das Escolas públicas que não há
prioridade por parte do governo Teotônio Vilela em relação à
educação pública.
Na saúde, nada bem. Segundo dados
do DATASUS, em 2010 cerca de 60 mil pessoas deixaram de ser
internadas no Estado. As filas imensas, o péssimo atendimento, a
falta de medicamentos e ás vezes instrumentos básicos como seringas
e luvas são a tônica da saúde pública em Alagoas. No meio do ano
de 2011 foi anunciado um déficit de 1.300 leitos nos hospitais
públicos de Alagoas.
Todo esse quadro evidencia o caos
que se vive há muito tempo no Estado de Alagoas, que não se iniciou
com a queima de ônibus nem com o arrastão de dias atrás. Tenha
sido ele verídico ou não – e não duvidamos que tenha acontecido
de fato- os dados que mostramos atestam que a população tem muito
com o que se preocupar e temer. É urgente a construção de uma
alternativa ao governo Teotônio Vilela (PSDB) frente ao seu nítido
descaso com a população alagoana. O resultado dessa política é a
segregação cada vez maior da juventude pobre de Alagoas e a
formação de um cenário propício ao aumento de homicídios e da
violência no Estado.
Para quem governam os nossos
Governantes?
O
governador de Alagoas não governa para os moradores dos bairros do
Jacintinho ou do Clima Bom. Não governa para os homens e mulheres
que trabalham no brutal corte de cana no interior do Estado. Não
governa para as mulheres que sofrem com a violência cotidiana e com
as dificuldades em dar saúde e educação para seus filhos no Estado
mais miserável de nosso país. É um governo que governa única e
exclusivamente para os ricos, para os usineiros, os empresários e
para uma casta privilegiada que constrói suas mansões de luxo
graças à exploração brutal da maior parte da sociedade alagoana.
Essa não é uma exclusividade do Governo Teotônio Vilela,
infelizmente. O governo de Ronaldo Lessa (apoiado por partidos como o
PT e PCdoB) pouco fez para mudar esse quadro. Na verdade, foi mais um
governo a seguir a lógica de privilegiar os privilegiados e pisotear
os desfavorecidos, mantendo acordos com usineiros, isenção de
impostos, etc.
A única forma de mudar essa
situação de violência no nosso Estado é se investindo mais verbas
na educação pública, na saúde pública, construindo mais
possibilidades de lazer para a juventude miserável e melhorando essa
situação de penúria a que todos estamos submetidos. Queremos
alertar aos alagoanos e alagoanas, no entanto, que Teotônio Vilela
será incapaz de realizar um investimento em saúde e educação
capaz de alterar esse quadro de maneira qualitativa. Ronaldo Lessa
tampouco seria capaz de realizar essa mudança estrutural. Isso se
deve ao fato de que a lógica econômica desses governos não está
voltada para a população. Trata-se de um projeto político-econômico
compartilhado por todos esses governantes, um projeto político que
torna impossível qualquer melhora qualitativa na vida da população.
Um projeto que precisa ser duramente combatido pelos trabalhadores,
nas ruas. Enquanto isso, uma juventude marginalizada não se encontra
em outra solução a não ser tornar-se mão de obra barata para o
tráfico. Somente se organizando politicamente em nossas escolas,
bairros e locais de trabalho poderemos melhorar qualitativamente as
nossas vidas..
O aumento do número de policiais é
a solução?
A idéia de que aumentar o número
de policiais e prender mais pessoas reduziria o problema em nossa
opinião é falsa. Aumentar o número de prisões ou simplesmente
prender mais pessoas, tampouco. Nosso país tem um sistema
penitenciário completamente falido, com a segunda maior população
carcerária da América Latina, 400 mil detentos. Prender não é a
solução, pois a miséria e o baixo investimento em educação e
saúde pública seguem sendo os mesmos. A polícia de nosso Estado,
apesar de abrigar em seu interior muitos trabalhadores honestos,
também não passa nenhuma confiança para a população,
especialmente para a juventude negra e pobre das periferias. Para que
de fato consigamos construir uma política de segurança efetiva será
necessário acabar com a estrutura das atuais polícias civis e
militares e construir uma nova polícia com seus dirigentes eleitos
pela própria população. Será uma polícia controlada pelos
trabalhadores e organizada pelos próprios trabalhadores.
Para acabar com a violência em
Alagoas, mais investimento em saúde e educação!
Pela dissolução da atual polícia
e construção de uma polícia controlada pela população!
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